Durante as últimas eleições, o kit gay ganhou fama em todo o Brasil. Segundo o atual presidente Jair Bolsonaro, seria um kit que deveria ser distribuído em Escolas públicas de todo o Brasil.
Mas, como ficou provado posteriormente, tudo não se passava de uma Fake News. Nunca nenhum material do gênero foi distribuído.
Contudo, o fato do atual presidente ter usado isso como uma forma de alavancar apoiadores revelou um problema ainda muito sério no Brasil: a homofobia. No entanto, mesmo com muitas pessoas apoiando a “indignação” do político, uma força se mostrou poderosa em meio a comentários de ódio e preconceituosos.
E o kit gay’ que nunca existiu se tornou uma realidade.
Depois de tanta polêmica envolvendo o tal material, uma empresa resolveu aproveitar a discussão para realmente criar um kit gay que foi distribuído no Rock in Rio, considerado um dos maiores festivais de música de todo o mundo.
E a estratégia de Bolsonaro de desmoralizar a causa LGBTQ+, na verdade colocou um gigantesco holofote sobre ela, mostrando para muitas pessoas a importância de se debater diversidade e aceitação.
Durante o festival a marca Doritos distribuiu mais de 3 mil kits. Neles, haviam bandeiras e pochetes coloridas com o espectro do arco-íris, que é o símbolo oficial do movimento.
De adolescentes a idosos, todos estavam estampando com orgulho as cores, revelando assim que, apesar de existirem muitas pessoas preconceituosas e conservadoras extremistas no Brasil, a quantidade de indivíduos que buscam uma sociedades mais igualitária e que abrace todos sem distinção, é muito maior.
O kit gay esteve presente na área VIP da marca, e segundo diz Carolina Frydman, responsável pelo espaço, a ação foi um verdadeiro sucesso. E um dos fatos curiosos é que não foi apenas o LGBTQ + que aderiu aos materiais e acessórios. Pelo contrário, muitas pessoas heterossexuais, como um sinal de apoio e de igualdade, também foram buscar seus brindes para mostrar à todos as cores do arco-íris.
E a marca Doritos não ficou apenas na distribuição do kit gay. Ela também lançou uma edição especial de sua embalagem, a Doritos Rainbo.
O salgadinho trazia as cores do arco-íris como uma forma de apoio a causa. Além disso, a empresa afirmou que todo o dinheiro arrecadado com a venda dessa edição será revertido para instituições de apoio LGBTs.
O próprio Rock in Rio também resolveu mostrar seu posicionamento político em relação assunto. pela primeira vez na história, a loja oficial do evento colocou à venda uma camiseta toda colorida, mostrando assim seu apoio.
Para se ter uma ideia do sucesso da roupa, na segunda noite todas as camisetas do tamanho P já haviam esgotado.
Se por um lado o kit gay, mesmo que nunca existindo levantou um debate em torno a distribuição de materiais com certos conteúdos para jovens, por outro também colocou em evidência um problema grave no Brasil, os crimes por conta da homofobia.
Segundo dados levantados pelo site UOL, entre 1963 e 2018, 8.027 pessoas LGBTs foram assassinadas no Brasil, por conta de sua orientação sexual ou identidade de gênero. Os dados foram repassados por Julio Pinheiro Cardia, ex-coordenador da Diretoria de Promoção dos Direitos LGBT do Ministério dos Direitos Humanos.
As informações foram unidas a partir de um pedido da Comissão Interamericana de Direitos Humanos no final de 2018, e foram entregues ao AGU (Advocacia-Geral da União). Todos esses dados já estavam sob o poder do Governo Federal.
Contudo, nos últimos anos ele optou por cancelar a divulgação dos relatórios sobre o assunto. E isso mostra como os políticos conservadores ainda influenciam de maneira negativa a questão de direitos humanos e da comunidade LGBTQ+.
Esse é apenas um dos dados que mostra como a situação é grave no Brasil. Ainda segundo o relatório que foi entregue ao AGU.
O documento mostra que entre 2011 e 2018, o Disque 100 registrou 16.326 casos relatando 26.938 violações. Além disso, apenas no ano de 2018, o telefone de atendimento recebeu 667 ligações de pessoas que alegaram ter sofrido violência física por pertencerem a comunidade LGBTQ+.
Além disso, o canal também recebeu cerca de 1.871 acusações de violência psicológica.
Tudo isso mostra que os crimes contra pessoas LGBTQ+ crescem constantemente, mesmo com os debates em torno do assunto também aumentarem. E um dos fatores pode ser inclusive a força que muitos políticos conservadores, incluindo Jair Bolsonaro, têm ganhado nos últimos anos.
Apesar da situação ainda ser extremamente no Brasil, algumas coisas têm criado uma luz no fim do túnel para quem busca uma sociedade mais igualitária. Começando pelo fato de marcas como a Doritos terem se posicionado em favor dos direitos do público LGBTQ+, por meio de ações como o kit gay.
Além disso, no ano de 2019 uma nova batalha foi ganha. O Supremo Tribunal Federal (STF) determinou em junho desse ano que qualquer tipo de discriminação por orientação sexual e identidade de gênero agora é considerada um crime, tendo as mesmas consequências que os crimes de racismo.
Agora, esse tipo de conduta passa a ser punível pela Lei de Racismo (7716/89). Atualmente essa lei prevê punições para pessoas que cometerem crimes de preconceito e discriminação por “raça, cor, etnia, religião, identidade de gênero, orientação sexual e procedência nacional”.
Claro que esse é apenas um passo na luta. Na época das eleições, por exemplo, o número de denúncias de crimes do gênero aumentou drasticamente.
No entanto, o fato de muitas pessoas, e agora empresas, estarem se mobilizando pela causa mostra que a causa têm ganhado novos apoiadores. Incluindo quem não faz parte do público LGBTQ+.
Qual a sua opinião sobre a ação da Doritos no Rock in Rio? Você acha que o kit gay, contendo materiais realmente informativos sobre assuntos como sexualidade, gênero e orientação sexual pode ajudar no debate?